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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Como se deslocam os Espíritos

As questões que sucedem a de número 88 até a de número 91 tratam da maneira com que os Espíritos se movem de um lugar para o outro
89. Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço?
“Sim, mas fazem-no com a rapidez do pensamento”.
Dizer que algo se move com a rapidez do pensamento é o mesmo, para efeitos práticos, que falar de deslocamento instantâneo. O que sabemos, no entanto, pelas obras de André Luiz, particularmente, mas por outras também, é que os Espíritos se movem com velocidades diversas, desde o deslocamento lento e pesado dos Espíritos perturbados ao volitar veloz e gracioso dos Espíritos Bons trabalhadores da espiritualidade.
Teriam os Espíritos esquecido essa realidade? Veremos que não.
Os Espíritos perturbados têm seus pensamentos confusos, força de vontade embotada pela sua baixa auto-estima e encontram-se desprovidos de fé. Assim, podemos induzir que a rapidez do pensamento deles é baixa, quase nula. À medida que o Espírito vai evoluindo, seus pensamentos ficam mais coerentes, ao passo que aumenta sua força de vontade e sua fé se torna raciocinada e firme. Desse modo, podemos entender que a rapidez de seu pensamento e, por analogia, de seu próprio deslocamento, vai crescendo à medida que ele evolui, até que, alcançado o estado de Espírito Puro, ele passa a se deslocar de forma quase instantânea de um lugar a outro.
89a) - O pensamento não é a própria alma que se transporta?
“Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois que é a alma quem pensa. O pensamento é um atributo.”
A pergunta de Kardec nos parece hoje algo estranha. Talvez o Codificador estivesse pensando em “mente” quando disse “pensamento”. Do modo que ele perguntou, a resposta dos Espíritos não podia ter sido diferente. Pensamento é um atributo do Espírito e não pode, portanto, ser confundido com ele. No entanto, o pensamento também é um atributo da mente. Ficamos sem saber qual teria sido a resposta, neste caso.
90. O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessa, ou é subitamente transportado ao lugar onde quer ir?
“Dá-se uma e outra coisa. O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, inteirar-se da distância que percorre, mas também essa distância pode desaparecer completamente, dependendo isso da sua vontade, bem como da sua natureza mais ou menos depurada”.
A resposta é perfeitamente clara. Se o Espírito possui o devido adiantamento que lhe permita vencer grandes distâncias de forma instantânea, não há porque ele se dê conta de tais distâncias se tal não for necessário. Pensemos em uma analogia simples. Se eu percorro 12 km a pé, eu sinto em meu corpo, nos meus pés, nos meus pulmões, na minha boca seca, o efeito do percurso, o que me torna impossível deixar de avaliar a distância percorrida. Suponhamos, agora, que um avião a bordo do qual eu esteja percorra os mesmo 12 km em velocidade supersônica. Será que eu, confortavelmente sentado a bordo, tomando uma bebida gelada, lendo uma revista ou assistindo a um filme, me darei conta de que saí do lugar?
É bom ter em mente, entretanto, que, do mesmo modo que ocorre com o passageiro do avião, o fato de não sentir o efeito do percurso não faz com que o Espírito seja impedido de conhecê-lo, caso isso lhe seja importante.
91. A matéria opõe obstáculo ao Espírito?
"Nenhum; eles passam através de tudo. O ar, a terra, as águas e até mesmo o fogo lhes são igualmente acessíveis."
O Espírito desencarnado, em princípio, é capaz de passar através de tudo. Ocorre, no entanto, que Espíritos perturbados podem se crer incapazes de transpor certas barreiras materiais, o que os leva a tentar contorná-las. É baseado nesse fato que os Espíritos arraigados no mal constroem prisões e fortalezas ideoplásticas nas dimensões espirituais de modo a submeter outros Espíritos de que se servem para seus propósitos escusos.
Marlon Santos
por pesquisa de Renato Costa

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Família e o Espiritismo

  A vida familiar deve merecer a mais ampla atenção de todo homem integrado na unidade social denominada família. Esta palavra – família – pode ser compreendida num sentido mais restrito, em que se consideram apenas os familiares consangüíneos, como num sentido mais amplo, em que se levam em conta também os grupamentos de Espíritos afins, quer intelectualmente, quer moralmente.
  A família é abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se lapidam caracteres, laboratório superior em que se caldeiam sentimentos, estruturam-se aspirações, refinam-se ideias, transformam-se mazelas antigas em possibilidades preciosas para a elaboração de misteres edificantes.
  A família é, pois, o mais prodigioso educandário do progresso humano. Sua importância não se mede apenas como uma fonte geratriz de seres racionais, mas como oficina de onde se projetam os homens de bem, os sábios, os benfeitores em geral.
  A família é mais do que um resultante genético. São os ideais, os sonhos, os anelos, as lutas, as árduas tarefas, os sofrimentos e as aspirações, as tradições morais elevadas que se cimentam nos liames da concessão divina, no mesmo grupo doméstico onde medram as nobres expressões da elevação espiritual na Terra.

O corpo procede do corpo, mas a alma não procede da alma

  Quando a família periclita, por essa ou aquela razão, sem dúvida a sociedade está a um passo do malogro. A vida em família, para que atinja suas finalidades maiores, deve ser vivenciada dentro dos padrões de moralidade, compreensão e solidariedade, porque sua finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de aprendermos a amar-nos como irmãos. Por isso, a vida em família é, talvez, de todas as associações, a mais importante em virtude da sua função educadora e regenerativa.
6. Existem duas espécies de família e, em consequência, duas categorias de laços de parentesco: as que procedem da consanguinidade e as que procedem das ligações espirituais.
  Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque este já existia antes da formação do corpo que o serve. Não é o pai que cria o Espírito de seu filho. Ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, porém, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.
  Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são as mais das vezes Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena.

As famílias espirituais são duráveis e se perpetuam

  Pode, contudo, acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros os Espíritos que se encarnam numa mesma família, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores que se traduzem, na vida terrena, por mútuo antagonismo, que lhes serve de provação.
  É fácil entender que não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família, mas sim os da simpatia e da comunhão de pensamentos, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.
  As famílias unidas por laços espirituais são duráveis, fortalecem-se pela purificação dos Espíritos, e se perpetuam no mundo espiritual, através das várias migrações da alma.
  As famílias unidas apenas por laços corporais são frágeis como a matéria, extinguem-se com o tempo e, muitas vezes, se dissolvem moralmente já na atual existência.
por Marlon Santos 
de O Consolador

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um diálogo de Kardec com um visitante de uma reunião Espírita

Visitante – Eu vos direi, senhor, que minha razão se recusa a admitir arealidade dos fenômenos estranhos atribuídos aos Espíritos e que, dissoestou persuadido, não existem senão na imaginação. Todavia, diante daevidência, seria preciso se inclinar, e é o que farei se eu puder ter provas incontestáveis. Venho, pois, solicitar de vossa bondade a
permissão para assistir somente a uma ou duas experiências, para não ser indiscreto, a fim de me convencer, se for possível.
Allan Kardec – Desde o instante, senhor, que vossa razão se recusa a
admitir o que nós consideramos fatos comprovados, é que vós credes sua inteligência é superior à de todas as pessoas que não compartilham de vossa opinião.
Eu não duvido do vosso mérito e não teria a pretensão de colocar a
minha inteligência acima da vossa. Admiti, pois, que eu me engano,
uma vez que é a razão que vos fala, e que esteja dito tudo.
Visitante – Todavia, se vós chegásseis a me convencer, eu que sou
conhecido como um antagonista das vossas idéias, isso seria um milagre eminentemente favorável à vossa causa.
A.K. – Eu o lamento, senhor, mas não tenho o dom dos milagres.
Pensais que uma ou duas sessões bastarão para vos convencer? Isso
seria, com efeito, um verdadeiro prodígio. Foi-me necessário mais de um ano de trabalho para eu mesmo estar convencido, o que vos prova
que, se o sou, não o foi por leviandade. Aliás, senhor, eu não dou
sessões e parece que vos enganastes sobre o objetivo de nossas
reuniões, já que nós não fazemos experiências para satisfazer à
curiosidade de quem quer que seja.
Visitante – Não desejais, pois, fazer prosélitos?
A.K. – Por que eu desejaria fazer de vós um prosélito se vós mesmo isso não o desejais? Eu não forço nenhuma convicção. Quando encontro pessoas sinceramente desejosas de se instruírem e que me dão a honra de solicitar-me esclarecimentos, é para mim um prazer, e um dever, responder-lhes no limite dos meus conhecimentos. Quanto aos antagonistas que, como vós, têm convicções firmadas, eu não faço uma tentativa para os desviar, já que encontro bastante pessoas bem dispostas, sem perder meu tempo com as que não o são. A convicção virá, cedo ou tarde, pela força das coisas, e os mais incrédulos serão arrastados pela torrente. Alguns partidários a mais, ou a menos, no momento, não pesam na balança. Por isso, não vereis jamais zangar-me para conduzir às nossas idéias aqueles que têm tão boas razões como vós para delas se distanciarem.
Visitante – Haveria, entretanto, no meu convencimento mais interesse do que vós o credes. Quereis me permitir explicar-me com franqueza e me prometer não vos ofender com minhas palavras? São minhas ideias sobre o assunto e não sobre a pessoa à qual me dirijo; posso respeitar a pessoa sem partilhar sua opinião.
A.K. – O Espiritismo me ensinou a dar pouco valor às mesquinhas
suscetibilidades do amor próprio, e a não me ofender com palavras. Se vossas palavras saírem dos limites da urbanidade e das conveniências, concluirei, com isso, que sois um homem mal educado, eis tudo. Quanto a mim, prefiro deixar aos outros os erros, ao invés de os partilhar.
Vedes, só por isso, que o Espiritismo serve para alguma coisa.
Eu vos disse, senhor, não me empenho de nenhum modo em vos fazer partilhar minha opinião; respeito a vossa, se ela é sincera, como desejo que se respeite a minha. Uma vez que tratais o Espiritismo como um sonho quimérico, vindo para mim, dizíeis a vós mesmo: eu vou ver um louco. Confessai-o, francamente, isso não me melindrará. Todos os espíritas são loucos, é coisa convencionada. Pois bem, senhor, uma vez que olhais isso como uma doença mental, sentiria escrúpulo em vô-la comunicar, e eu me espanto que com um tal pensamento vós procureis adquirir uma convicção que vos colocará entre os loucos. Se estais
antecipadamente persuadido de não poder ser convencido, vossa
tentativa é inútil, porque não tem por objetivo senão a curiosidade.
Abreviemos, pois, eu vos rogo, porque eu não teria tempo a perder em conversas sem objetivo.
Visitante – Podemos nos enganar, iludir-nos, sem por isso ser louco.
A.K. – Falai claramente: dizeis, como tantos outros, que é um capricho
que tem seu tempo; mas convireis que um capricho que em alguns anos ganhou milhões de partidários em todos os países, que conta com sábios de todas as ordens, que se propaga de preferência nas classes esclarecidas, é uma singular mania que merece algum exame.
Visitante – Eu tenho minhas idéias sobre esse assunto, é verdade. Elas, porém, não são tão absolutas que eu não consinta sacrificá-las à evidência. Eu vos disse, pois, senhor, que tendes um certo interesse em me convencer. Eu vos confessarei que devo publicar um livro onde me proponho demonstrar ex-professo (sic) o que eu vejo como um erro, e como esse livro deve ter um grande alcance e atacar vivamente os Espíritos, se eu chegar a ser convencido, não o publicarei.
A.K. – Eu ficaria desolado, senhor, por vos privar do benefício de um livro que deve ter um grande alcance. Eu não tenho, de resto, nenhum interesse em vos impedir de fazê-lo, mas lhe desejo, ao contrário, uma grande popularidade, já que isso nos servirá de prospectos e de anúncios. Quando uma coisa é atacada, isso desperta a atenção; há muitas pessoas que querem ver os prós e os contras, e a crítica a faz conhecida daqueles mesmos que dela não sonhavam. É assim que a publicidade, freqüentemente, sem o querer, aproveita àqueles aos quais se quer prejudicar. A questão dos Espíritos, aliás, é tão palpitante de interesse e ela espicaça a curiosidade a um tal ponto, que basta mencioná-la à atenção para dar o desejo de aprofundá-la. (1)
(1) Depois deste diálogo, escrito em 1859, a experiência veio
demonstrar largamente a justeza desta proposição.
Visitante – Então, segundo vós, a crítica não serve para nada, a opinião
pública não conta para nada?
A. K. – Eu não considero a crítica como a expressão da opinião pública,
mas como uma opinião individual que pode se enganar. Lede a História
e vereis quantas obras-primas foram criticadas quando apareceram, o
que não as impediu de permanecerem obras-primas. Quando uma coisa
é má, todos os elogios possíveis não a tornarão boa. Se o Espiritismo é
um erro, ele cairá por si mesmo; se é uma verdade, todas as diatribes
não farão dele uma mentira. Vosso livro será uma apreciação pessoal
sob o vosso ponto de vista; a verdadeira opinião pública julgará se é
correta. Por isso, quererão ver e se, mais tarde, for reconhecido que vos
enganastes, vosso livro será ridículo como aquele que se publicou
recentemente contra a teoria da circulação do sangue, da vacina, etc.
Mas esqueci que vós deveis tratar a questão ex-professo, o que quer
dizer que a haveis estudado sob todas as faces, que haveis visto tudo o
que se poder ver, tudo o que se escreveu sobre a matéria, analisado e
comparado as diversas opiniões; que vos encontrastes nas melhores
condições para observar por vós mesmo; que vós lhe consagrastes
vossas vigílias, durante anos; em uma palavra, que não negligenciastes
em nada para atingir a constatação da verdade. Eu devo crer que assim
o é, se sois um homem sério, porque só aquele que fez tudo isso, tem o
direito de dizer que fala com conhecimento de causa.
Que pensaríeis de um homem que se erigisse em censor de uma obra
literária sem conhecer literatura? De um quadro sem ter estudado
pintura? É de uma lógica elementar que o crítico deva conhecer, não
superficialmente, mas a fundo, aquilo de que fala, sem o que sua
opinião não tem valor. Para combater um cálculo, é preciso opor-lhe
outro cálculo mas, para isso, é preciso saber calcular. O crítico não deve
se limitar a dizer que tal coisa é boa ou má; é preciso que ele justifique
sua opinião por uma demonstração clara e categórica, baseada sobre os
próprios princípios da arte ou da ciência. Como poderá fazê-lo se ignora
esses princípios? Poderíeis apreciar as qualidades ou os defeitos de uma
máquina se vós não conheceis a mecânica? Não, pois bem! vosso
julgamento sobre o Espiritismo, que não conheceis, não teria mais valor
do que o que faríeis sobre essa máquina. Seríeis a cada instante preso
em flagrante delito de ignorância, porque aqueles que o estudaram,
verão, conseqüentemente, que estais fora da questão; de onde se
concluirá ou que não sois um homem sério ou que não sois de boa fé;
em um e outro caso vos exporeis a receber desmentidos pouco
lisonjeiros para vosso amor-próprio.
Visitante – É precisamente para evitar esse escolho que vim vos pedir
permissão para assistir a algumas experiências.
A.K. – E pensais que isso vos bastaria para falar do Espiritismo exprofesso?
Mas como poderíeis compreender essas experiências, e com
mais forte razão julgá-las, se não haveis estudado os princípios que lhes
servem de base? Como poderíeis apreciar o resultado, satisfatório ou
não, de experiências metalúrgicas, por exemplo, se não conheceis a
fundo a metalurgia? Permiti-me dizer-vos, senhor, que vosso projeto é
absolutamente como se, não sabendo nem matemática, nem astronomia,
fosseis dizer a um desses senhores do Observatório: Senhor, eu quero
escrever um livro sobre astronomia, e além disso provar que vosso
sistema é falso; mas como disso eu não sei nem a primeira palavra,
deixai-me olhar uma ou duas vezes através de vossas lunetas. Isso me
bastará para conhecê-la tanto quanto vós.
Não é senão por extensão que a palavra criticar é sinônimo de censurar.
Em seu significado próprio, e segundo sua etmologia, ela significa julgar,
apreciar. A crítica pode, pois, ser aproveitada ou desaproveitada. Fazer
crítica de um livro não é necessariamente condená-lo. Aquele que
empreende essa tarefa deve fazê-la sem idéias preconcebidas. Mas, se
antes de abrir o livro já o condenou em seu pensamento, seu exame
não pode ser imparcial.
Tal é o caso da maioria daqueles que têm falado do Espiritismo. Apenas
sobre o nome formaram uma opinião e fizeram como um juiz que
pronunciou uma sentença sem se dar ao trabalho de examinar o
processo. Disso resultou que seu julgamento ficou sem razão e, ao invés
de persuadir, provocou riso. Quanto àqueles que estudaram seriamente
a questão, a maioria mudou de opinião e mais de um adversário dela
tornou-se partidário, quando viu que se tratava de coisa diversa daquela
em que ele acreditava.
Visitante – Falais do exame dos livros em geral. Credes que seja
materialmente possível a um jornalista, ler e estudar todos os que lhe
passam pelas mãos, sobretudo quando se trata de teorias novas que lhe
seria preciso aprofundar e verificar? Igualmente exigirias de um
impressor que lesse todas as obras que saem das suas impressoras.
A.K. – A um raciocínio tão judicioso eu não tenho nada a responder,
senão que, quando não se tem tempo de fazer conscientemente uma
coisa, não se deve envolver-se com ela, e que é melhor não fazer senão
uma coisa bem, do que fazer dez mal.
Visitante – Não creais, senhor, que minha opinião esteja formada
levianamente. Eu vi mesas girarem e baterem; pessoas que estavam
supostamente escrevendo sob a influência de Espíritos; mas eu estou
convencido de que havia charlatanismo.
A.K. – Quanto pagastes para ver isso?
Visitante – Nada, seguramente.
A.K. – Então eis charlatães de uma espécie singular, e que vão reabilitar
a palavra. Até o presente não se viu ainda charlatães desinteressados.
Se algum brincalhão maldoso quis se divertir uma vez por acaso, segue-se
que as outras pessoas sejam cúmplices da fraude? Aliás, com que
objetivo se tornariam cúmplices de uma mistificação? Para divertir a
sociedade, direis. Eu aceito que uma vez alguém se preste a um gracejo;
mas quando um gracejo dura meses e anos, é, eu creio, o mistificador
que está mistificado. É provável que, pelo único prazer de fazer crer em
uma coisa que se sabe ser falsa, espera-se aborrecidamente horas
inteiras sobre uma mesa? O prazer não valeria o trabalho.
Antes de concluir pela fraude é preciso primeiro se perguntar qual
interesse se pode ter em enganar; ora, concordareis que há posições
que excluem toda suspeita de fraude; pessoas das quais só o caráter é
uma garantia de probidade.
Outra coisa seria se se tratasse de uma especulação, porque a atração
do lucro é uma péssima conselheira. Mas, admitindo-se mesmo que,
neste último caso, um fato de manobra fraudulenta seja positivamente
constatado, isso não provaria nada contra a realidade do princípio, já
que se pode abusar de tudo. Do fato de que há pessoas que vendem
vinhos adulterados, não se segue daí que não haveria vinho puro. O
Espiritismo não é mais responsável pelos que abusam desse nome e o
exploram, do que a ciência médica não o é pelos charlatães que vendem
suas drogas, nem a religião pelos sacerdotes que abusam do seu
ministério.
O Espiritismo, pela sua novidade e pela sua própria natureza, devia
prestar-se a abuso; mas ele dá os meios de os reconhecer, definindo
claramente seu verdadeiro caráter e recusando qualquer solidariedade
com aqueles que o exploram ou o desviam de seu objetivo
exclusivamente moral para fazer dele um ofício, um instrumento de
adivinhação ou de procuras fúteis.
Desde que o próprio Espiritismo traça os limites nos quais ele se contém,
precisa o que ele diz e o que não diz, o que ele pode e o que não pode,
o que está ou não está em suas atribuições, o que ele aceita e o que
repudia, o erro está naqueles que, não se dando ao trabalho de o
estudar, julgam-no sobre as aparências; que, porque encontram
saltimbancos usando o nome de Espíritas, para atrair os que passam,
dirão gravemente: Eis o que é o Espiritismo. Sobre o que, em definitivo,
recai o ridículo? Não é sobre o saltimbanco que faz o seu trabalho, nem
sobre o Espiritismo cuja doutrina escrita desmente semelhantes
assertivas, mas sobre os críticos convictos de falarem daquilo que não
sabem, ou de alterarem conscientemente a verdade. Aqueles que
atribuem ao Espiritismo o que está contra sua própria essência, o fazem,
ou por ignorância ou deliberadamente. No primeiro caso é por
leviandade, no segundo é por má fé. Neste último caso, eles se
assemelham a certos historiadores que alteram os fatos históricos no
interesse de um partido ou de uma opinião. Um partido se desacredita
sempre pelo emprego de semelhantes meios, e falta ao seu objetivo.
Notai bem, senhor, que eu não pretendo que a crítica deva
necessariamente aprovar nossas ideias, mesmo depois de as ter
estudado; não censuramos de modo algum aqueles que não pensam
como nós. O que é evidente para nós, pode não o ser para todo o
mundo. Cada um julga as coisas pelo seu ponto de vista, e do fato mais
positivo todo o mundo não tira as mesmas consequências. Se um pintor,
por exemplo, coloca em seu quadro um cavalo branco, qualquer um
poderá dizer que esse cavalo faz um mau efeito e que um preto conviria
melhor: mas seu erro será dizer que o cavalo é branco se ele é preto. É
o que faz a maioria dos nossos adversários.
Em resumo, senhor, cada um é perfeitamente livre para aprovar ou
criticar os princípios do Espiritismo, para deduzir deles tais
consequências boas ou más, como lhe agrade, mas a consciência impõe
um dever a todo crítico sério de não dizer ao contrário do que é; ora,
por isso, a primeira condição é de não falar daquilo que não se sabe.
Visitante – Retornemos, eu vos peço, às mesas moventes e falantes.
Não poderia ocorrer que elas estivessem preparadas?
A.K. – É sempre a questão da boa fé à qual já respondi. Quando a
fraude estiver provada eu vo-la entrego; se vós assinalardes fatos
confirmados de fraude, de charlatanismo, de exploração, ou de abuso de
confiança, eu os entrego à vossa fustigação, vos declarando de antemão
que não lhes tomarei a defesa, porque, o Espiritismo sério é o primeiro
a repudiá-los, e mencionar os abusos é ajudar a preveni-los e prestar-lhe
serviço. Mas generalizar essas acusações, derramar sobre uma
massa de pessoas honradas a reprovação que merecem alguns
indivíduos isolados, é um abuso de um outro gênero: o da calúnia.
Admitindo, como vós o dizeis, que as mesas estivessem preparadas,
seria preciso um mecanismo bem engenhoso para fazer executar
movimentos e ruídos tão variados. Como não se conhece, ainda, o nome
do hábil fabricante que as confecciona? No entanto, ele deveria ter uma
enorme celebridade, uma vez que seus aparelhos estão espalhados nas
cinco partes do mundo. É preciso convir, também, que seu
procedimento é bem sutil, uma vez que se pode adaptar à primeira
mesa encontrada, sem nenhum sinal exterior. Por que desde Tertuliano
que, ele também, falou das mesas girantes e falantes, até o presente
ninguém pôde ver o mecanismo, nem descrevê-lo?
Visitante – Eis o que vos engana. Um célebre cirurgião reconheceu que
certas pessoas podem, pela contração de um músculo da perna,
produzir um ruído parecido com o que vós atribuís à mesa, de onde ele
concluiu que vossos médiuns se divertem às custas da credulidade.
A.K. – Então, se é um estalido do músculo, não é a mesa que está
preparada. Uma vez que cada um explica essa pretendida fraude à sua
maneira, isso é prova, a mais evidente, de que nem uns nem outros
conhecem a verdadeira causa.
Eu respeito a ciência desse sábio cirurgião, somente que surgem
algumas dificuldades na aplicação dos fatos que ele assinala às mesas
falantes. A primeira, que é singular que essa faculdade, até o presente
excepcional, e olhada como um caso patológico, tenha de repente se
tornado tão comum. A segunda, que é preciso ter uma bem robusta
vontade de mistificar para fazer estalar seu músculo durante duas ou
três horas seguidas, quando isso não produz nada além da fadiga e da
dor. A terceira é que não entendo como esse músculo se corresponde
com as portas e paredes nas quais as pancadas se fazem ouvir. A quarta,
enfim, que é preciso a esse músculo estalante uma propriedade bem
maravilhosa, para fazer mover uma pesada mesa, levantá-la, abri-la,
fechá-la, mantê-la suspensa sem ponto de apoio e, finalmente, quebrá-
la na queda. Não se desconfiava que esse músculo tivesse tanta virtude.
(Revista Espírita, junho de 1859, página 141: O músculo estalador).
O célebre cirurgião do qual falastes, estudou o fenômeno da tiptologia
naqueles que o produzem? Não; ele constatou um efeito fisiológico
anormal entre alguns indivíduos que jamais se ocuparam com as mesas
batedoras, tendo uma certa analogia com aquele que se produz nas
mesas, e, sem um exame mais amplo, concluiu, com toda a autoridade
da sua ciência, que todos aqueles que fazem as mesas falarem devem
ter a propriedade de fazer estalar seu músculo curto peroneiro, e que
não são senão enganadores, sejam eles príncipes ou operários, façam-se
pagar ou não. Ao menos estudou o fenômeno da tiptologia em todas
as suas fases?
Verificou se, com a ajuda desse estalido muscular, poder-se-ia produzir
todos os efeitos tiptológicos? Nada mais, sem isso estaria convencido da
insuficiência do seu processo; o que não impediu de proclamar sua
descoberta em pleno Instituto. Não há aqui, para um sábio, um
julgamento bem sério? O que restou dele hoje? Eu vos confesso que, se
tivesse que sofrer uma intervenção cirúrgica, hesitaria muito em me
confiar a esse profissional, porque temeria que ele não julgasse meu
mal com mais perspicácia.
Uma vez que esse julgamento é de umas das autoridades sobre as quais
pareceis dever vos apoiar para abrir uma brecha no Espiritismo, isso me
tranquiliza completamente sobre a força dos outros argumentos que
apresentareis, se vós não os tomardes de fontes mais autênticas.
por Marlon Santos

Sobre alguns Chacras

. Chacra Cardíaco - Em sânscrito é chamado de anahata. Está situado sobre o osso externo, ao nível do coração. Sua ativação, e correto funcionamento, é de capital importância no processo de soerguimento espiritual do SER, pois tanto para o corpo Físico como para o corpo Astral é ele o registrador das emoções. Sabemos que quando qualquer pessoa se desperta, sensível, para as emoções, significa estar começando a percorrer o caminho da espiritualização. Enquanto o chacra Gástrico envolve-se só com as sensações, o que significa olhos voltados aos prazeres e necessidades do corpo, o chacra Cardíaco refina esses objetivos, transmutando-os para a forma de prazeres e necessidades do Espírito.
Assim, tanto para o corpo Físico como para o corpo Astral, como dissemos acima, faculta ao SER decifrar as vibrações de outras criaturas, encarnadas ou não. Permite notar das alegrias ou das tristezas que as envolve. Ainda por força dessa sensibilidade elevada a um grau maior, dentro dos critérios de simpatia, faz com que uma pessoa seja levada a reproduzir em si o efeito das dores alheias. E´ a compaixão e a solidariedade. E´ o sentimento de fraternidade que passa a fazer parte de sua vida. Entretanto, não nos esqueçamos que embora a solidariedade seja necessária à construção da paz mundial, a compaixão desmedida gera na pessoa perturbação emocional, porque não dizer psíquica. (Lancellin, espírito, em seu livro Iniciação-Viagem Astral, páginas 339, 370 e 422, trata desse fato comportamental desaconselhável).
E´ através do chacra Cardíaco que o praticante de meditação sente a languidez que o êxtase espiritual provoca. O grande bem estar interior, indescritível em palavras. Além de toda a importância desse chacra na constituição do SER, quando despertado, adiantando-o na fase espiritualizante, conforme descrito acima. No corpo Físico tem direta relação com a circulação sangüínea, e, portanto, com a redistribuição de vitalidade física. Como vemos, é um chacra que bem funcionando manterá a estabilidade emocional e vital do indivíduo.
Chacra Laríngeo - No idioma sânscrito recebe o nome de vishuda. Está situado, como o próprio nome o indica, na região dianteira do pescoço, mais ou menos à altura do ponto de encontro entre a coluna espinhal e a medula oblonga, esta, bem na base posterior do cérebro. No corpo Físico tem acentuada participação no controle da respiração e da fonação, a fala. No corpo Astral capacita a faculdade da audição, ou seja, reproduz na consciência o mesmo efeito que no físico chamamos de audição. Quando em atividade mais intensa, controlada ou não, em parceria com o chacra Coronário, e por conseqüência em ação com a glândula Pineal, que confere ao indivíduo a faculdade de clariaudiência. Ou seja, permite ao SER encarnado ouvir sons, tais como voz, música, ruídos, agradáveis ou não, provenientes do plano Astral.
Chacra Frontal - Em sânscrito é chamado de ajna. (Pronuncia-se ádjina). E´ conhecido, ainda, pelos nomes de cerebral, glabelar e terceiro olho. Está situado no ponto de encontro da linha vertical do rosto, que passa entre as sobrancelhas, e o centro da testa. Fisicamente é o controlador do envoltório do cérebro, o córtex cerebral, que por sua vez participa da coordenação dos sentidos. Também tem participação no controle das glândulas e dos sistemas nervosos, o central e o simpático, ou autônomo. Sobre isso falaremos com maiores detalhes no estudo das glândulas. No corpo Astral desperta o sentido da visão, ou seja, produz na consciência o mesmo efeito que no físico chamamos de visão. Daí também chamado de terceiro olho, resultante de sua ligação com a glândula Pineal. Quando em atividade desenvolvida, confere ao indivíduo a faculdade de clarividência que, em seu início de despertamento, permite apenas vislumbrar ligeiras paisagens e nuvens coloridas. Essas visões tanto podem ser dos ambientes reais dos planos espirituais quanto de imagens mentais criadas por entidades que as transmitem ao clarividente. Essa segunda hipótese é a mais comum de acontecer. Ou seja, o clarividente estará vendo o quadro mental, imagem fixa ou movimento, que alguma entidade espiritual lhe esteja transmitindo. E´, ainda, comum no médium desenvolvido, clarividente ou não, sentir na região física onde se situa o chacra Frontal um pulsar, ou latejar, na pele. E´ sinal de funcionamento desse chacra.
Chacra Coronário - Tem em sânscrito o nome de Sahasrara. Embora o nome, não tem nenhuma relação com as artérias coronarianas. Deriva mesmo da palavra coroa, em vista de estar situado ao alto da cabeça, bem no cruzamento das linhas: mediana que passa entre as sobrancelhas e vai em direção à parte posterior da cabeça, e a linha transversa que uniria as duas orelhas, e que passasse pelo alto do crânio. E´ o mais importante de todos, se assim podemos nos expressar, embora os demais sejam igualmente úteis no conjunto. E´ ele o ponto de interação - junção - entre as forças determinantes do Espírito e as forças físicas e astrais. A energia descendente da consciência. Dele, de forma distributiva, parte a corrente de energia vitalizante, de origem espiritual - não confundir com Astral - aos outros chacras, levando a cada um os reflexos vivos dos sentimentos próprios do indivíduo. Desta forma, e interação, o chacra Coronário administra os veículos de exteriorização de que se serve a consciência: seus corpos.
Quando este chacra está plenamente ativo, o indivíduo, devidamente treinado, consegue projetar sua consciência por ali, e deixar, conscientemente, seu corpo Físico, bem como retornar a ele, de modo que estará, ininterruptamente, consciente, dia e noite.
A sublimidade dos contatos espiritual, principalmente da mediunidade intuitiva, se processa por seu intermédio. Enfim, a harmonia geral da criatura humana depende do correto funcionamento e do estado saudável desse chacra. Sobre condições saudáveis e doentias dos chacras falaremos mais à frente.
Uma Advertência - As características individuais de funcionamento dos chacras, não significam que o indivíduo venha a possuir tais faculdades só porque os respectivos chacras estão desenvolvidos.
Lembramos que o SER é o resultado da ação conjugada de muitos fatores e que, ligados ao carma, uns estimulam outros, ou, alguns se anulam mutuamente. Portanto, não existe, como a nossa compreensão desejaria, não existe uma relação direta entre ter determinado chacra em funcionamento e a ocorrência do fenômeno a ele atribuído. O funcionamento é o elo que torna possível a ocorrência do fenômeno, nas não quê, por funcionar, tenha o fenômeno, inevitavelmente, de acontecer. Em resumo, dependendo das vinculações cármicas a faculdade correspondente a determinado chacra poderá, ou não, vir a se manifestar.
Peculiaridades do Despertar dos Chacras - O despertar dos chacras amplia as faculdades sensórias da consciência. Se antes do despertar, no plano Físico, a consciência só dispunha dos cinco sentidos - visão, audição, paladar, olfato e tato - para identificar o mundo ao seu derredor, com o despertar dos chacras passa a perceber sinais além daqueles que os dispositivos acima enumerados podem registrar.
Assim, mesmo estando desperta no corpo Físico, a pessoa identifica ocorrências que simultaneamente estão acontecendo nas dimensões do plano Astral, e outros. Essa refinada capacidade perceptiva recebe o nome de Percepção Extra Sensorial, (PES), popularmente conhecida por sexto sentido.
Esclarecendo o fenômeno informamos que o despertar dos chacras não dota o corpo Astral de ouvidos e olhos adicionais. Para evitar esse equívoco de interpretação, lembramos do estudo do corpo Astralque ele não possui órgãos especializados para tal, e nem deles precisa para, especificamente, ouvir e ver.
 A razão é a seguinte: No corpo Astral todas as partículas que o compõe estão em incessante movimento circulatório. Veja a figura ao lado. Partículas em movimento como as da água em fervura. Esse movimento faz com que todas as partículas passem, sucessivamente, em cada chacra. Assim acontecendo, cada chacra infunde em cada partícula, que por ele passa, a sua correspondente capacidade de responder a determinada ordem de vibração. Desse modo, todos os pontos do corpo Astral se tornam igualmente perceptivos a todas as espécies de sensações.
Por isso, ao atuar no plano Astral, a consciência, através do corpo Astral, tanto vê os objetos que estão á sua frente, como os que estão atrás, acima ou abaixo, sem necessidade de movimentar a cabeça, como fazemos nós no corpo Físico. Para ela, em tal situação, basta, apenas, dirigir sua atenção para o objetivo.
Marlon Santos por
Vivências- mediunidade