O ser humano, criatura ainda não acabada, vive em acordo com as circunstâncias. Imprimi em seu viver diário uma série de aprendizados, mas são as coisas mais chocantes que o detém e o faz parar para pensar. Passa o tempo todo se esquivando dos 'males', perseguindo uma boa saúde, ou até mesmo se arriscando na fronteira da morte para desafiar ela, ou sentir prazer com ela.
Imagine uma circunstância, num tempo de hoje, um homem insólito, rude e sem sentimento e sentido, alguém malfadado e asqueroso, que faz da arte de viver só um trampolim para seu próprio bem estar; que maneja o dia todo, tudo o que tem na volta para seu próprio intento e tão somente isso; que manipula sentimento sem senso de humanidade para ter o benefício imediato de satisfazer suas ânsias fisiológicas. Esse seria um pouco do perfil de um homem que acreditasse piamente que a morte não existisse.
Ao contrário do que muitos pensam, se as pessoas tivessem certeza absoluta de que a morte não existe, sem preparo evolutivo para tal, seria um desastre catastrófico para a espécie, pois retornariam para os tempo de caverna e a obra Divina viraria um caos. Obra essa que só encontra sentido porque consegue colar na mente humana sentimentos e razões especiais, como ternura, compaixão, moral, altruísmo, ética e paixão, além de o fazer desenvolver a fé e a espiritualidade.
Não fosse a morte e o homem seria um perjuro ao natural e, caso ainda, em plena ignorância da vida, passasse a ter certeza que ela não existe e que na verdade somos imortais, o mundo seria caldeirão de misérias intelectuais e morais. Pense que as condições restritivas de respeito e zelo e o desenvolvimento de uma mentalidade sólida e humanitária só acontecem pelo receio que as pessoas têm de morrerem pra sempre.
Sabe-se lá quanto tempo de evolução pura o homem terá que ter para poder desenvolver ética suficiente para ter certeza e para ele poder ser dado o conhecimento real sobre o assunto: a morte não existe como fim da vida da alma. Mas quando isso acontecer, com certeza as pessoas já estarão respeitando as outras, não por causa da dor, mas por amor concreto. Não estarão salvando uns aos outros por medo da morte, mas por sentimento de humanidade, motivados por um comportamento rico em sabedoria, tutelada pela sensação de eternidade.
Enquanto isso, que Deus nos livre de termos essa certeza, pois sem ela já temos dificuldades de termos compaixão com nossos irmãos, imagine o contrário... Como um traficante seria, como pessoa, se ele não tivesse medo da morte ou receio que seu filho recém nascido corresse o mesmo risco?
Marlon Santos
Muito interessante seu texto. Quando pensamos na morte simplismente como um fim, deve ser muito penoso.Geralmente se formos apegados à matéria ou posse das pessoas que convivemos, fica difícil visualizar uma continuação da vida.
ResponderExcluirNo seu maravilhoso livro 'O perdão apaga o erro?', em um trecho você diz: "A natureza do mal é a ignorância e a do bem a beleza das ações do coração. Logo, é imprescindível saber que, por natureza, somos irmãos de todos os seres humanos, inclusive dos que erram, pois todos saõ dotados de razão, e a razão é o ponto umbilical entre uma e outra pessoa, além, é claro, das ligações divinas." Quando possível fale sobre essas ligações divinas. Desde já, obrigada!
Grande abraço.