Seguidores

sábado, 3 de abril de 2010

Caridade resolve problemas?

A verdade é que nos lugares em que mais caridade é feita mais miseráveis são produzidos. São produzidos por que miserável nato não existe. A miséria é construída por governos e organizações que se dizem caridosas enquanto na verdade são grandes perpetuadoras dos problemas sociais. Quanto mais 'caridade' mais necessitados.
Do ponto de vista político, a sofreguidão e a necessidade tornam as pessoas carentes de atenção e, portanto, sujeitáveis e dirigíveis. Do ponto de vista social das mal fadadas organizações, satisfazer necessidades mas não combatê-las, que é para dar prosseguimento ao infortúnio e assim poder manter a eterna glória dos falsos 'bons samaritanos'.
Se ganha muito dinheiro e prestígio aparecendo na televisão quando dão para um miserável um kilo de não perecível. O que ninguém vê é que aquele miserável, amanhã, vai estar precisando de outro kilo. Só que ele, na condição de miserável, não vai ser visto nunca mais a não ser que roube e ainda vá preso por consequência de sua condição famígera.
A caridade própriamente dita difícilmente existe. Você mesmo que está lendo este texto pode já ter feito a sua parte na manutenção da miséria mundial. Você pode estar se sentindo muito bem por ter doado na páscoa passada uma 'sacola de alimentos' para um 'necessitado'. Talvez venha a doar outra nessa páscoa. Mas me diga: será que aquela criatura conseguiu ficar durante todo o resto do ano sem comer mais nada? Sabemos que não. Então, como ele sobreviveu (se sobreviveu) durante esse tempo? Alguém fez o mesmo que você. Por que é assim. Um 'ajuda' na páscoa, outro no natal, outro no frio, outro no calor, outro na doença, outro na primavera, outro na enchente, outro na seca, outro no terremoto, outro na ventania e lá se vai. Só que ninguém ajuda as criaturas a pensar e se tornar auto suficientes.
É claro que apartir daí aparecem aqueles que estão vacinados com uma overdose da vacina da síndrome do 'bom samaritanismo', e tentam combater os defensores da educação como saída para o caos, dizendo que qualquer ajuda é bem vinda, a qualquer título e em qualquer quantia. Mentira! Só quem teve do outro lado sabe disso.
O caos social e a escravização são as melhores formas de manutenção de impérios de poder, sejam políticos ou financeiros. Quem é político sabe muito bem que é assim. É desde a época das cavernas que se sabe que uma turba e uma revolta de massa é mais fácil de ser controlada do que a pressão política de um líder ou de um empresário rico. E por que isso se dá? Por que a maior miséria mundial ainda é a do conhecimento.
A falta de grandes conhecimentos faz as pessoas resignadas ao extremo e, portanto, com uma grande condição de aceitarem as lambanças, uma vez que quando se revoltam suas revoltas são frágeis por serem orgânicas e não ideológicas; por que todo aquele que está no poder sabe que as pessoas são, por natureza, boas e sempre preferem a paz no último momento ao invés da pancadaria.
Nossas condolências e nossos sentimentos de pena muitas vezes nos movimentam para que, condoídos com a desgraça alheia, façamos ajudas simplórias como caridade a título de grandes obras. Não percebemos que estagnamos nas pessoas as suas capacidades de pensar e agir. E não pensamos, de igual forma, que a caridade, quando laboramos ela, deve ser muito discreta, pois é só parar para pensar e notaremos que ela é muito melhor para quem a faz do que para aquele a quem ela é feita.
Isso é como tomar remédio para 'controlar' a doença ao invés de ser tomado para curá-la. Também é como matar em vida, por que viver com a dignidade ceifada e com a moral destruída é, na verdade, não estar vivo.
Não há de se pensar no que as pessoas farão se não tiverem aquele que lhes dá comida. Se você gosta de dar comida para saciar a fome de alguém, dê-lhe também um livro, qualquer livro. Dê a ele religião, qualquer uma que fale do Deus supremo. E para ficar de consciência mais tranquila tenha a certeza que a desmoralização mata e faz matar, no mundo, muito mais gente do que a fome.
Os governos só serão autênticos de verdade quando forem eleitos pelo voto da razão, sem subjugações. E a sociedade só será verdadeiramente sociedade e feliz quando perceber que não deve ficar fabricando lixo social com utopias sem fim.
O ser humano é lindo por que tem a condição de pensar. Deixe-o pensar, ora.

Malon Santos

imgens da web
(fotos de domínio público)

17 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Muito bem elaborado esse assunto,apesar de ser muito triste.
    Mas é a realidade, pena que algumas pessoas não querem ver a realidade.
    Preferem viver num conto de fadas, esquecem que essas criaturas existem.
    Parabéns aqueles que fazem sua parte de caridade! beijos

    ResponderExcluir
  3. Olá...
    Pois então, bem verdade o que disseste. Nossa caridade tratativa, não preventiva, serve de estímulo à estagnação do indivíduo, que acomoda-se a esperar pelos ditos bons atos dos seres a que julga superiores a ele. Não há quem já não tenha praticado, por compensação, penitência ou reparação, algo deste tipo. Dar a um cidadão um dia sem fome é, sob a ótica deste artigo, esquecer-se de que há mais 364 dias por ano em que alguém necessitará de dignidade, abrigo e satisfação. Chamo isso egoismo disfarçado de caridade, pois alegrar-se em dar um pedaço de pão para um faminto em determinado dia e nos demais, passar pela criatura sem dar uma palavra, uma atenção, e ao chegar em casa, jogar fora toneladas de alimentos, num ode ao desperdício é, no mínimo, incoerente.
    E o pior, com muita razão disseste que torna-se cômodo aos governantes manter o povo dependente e preocupado em buscar matar sua fome. Enquanto a miséria for remendada e mantida, não sobra espaço para questionamentos, pensamentos e reações...

    O conhecimento, enquanto privilégio de poucos, é sinônimo de poder famigerado.
    Aos demais, pode ser a desgraça para quem não a persegue, e luz no fim do túnel, aos que o buscam..

    Hasta otro día...

    ResponderExcluir
  4. Oi querido Marlon!
    Continuam ótimos seus textos,também considero e admiro muito você e seu trabalho. Falando em trabalho,quando retornará a exercer um cargo político? Se bem que falar em políticos é como confiar em alguém,"dá até arrepios".Mas sei que ainda temos alguns com dignidade e vergonha na cara... Por mais que não consigam fazer o que desejam ou o que prometeram, podem ser uma pedra no sapato de muitos.E ai está a diferença!

    Conte conosco.
    Um fraterno abraço pra você tbm!

    ResponderExcluir
  5. Um povo inteligente, informado de seus direitos, logo saberá do poder que tem e não será oprimido. Uma nação nunca estará segura se descansar no colo da ignorância. Melhorar a massa do povo é a grande garantia da liberdade popular. Se isto for negligenciado, todo o refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores perecerão mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular
    Muitos desejam sinceramente ser bons. Mas é preciso que resistam a certos estímulos, que sacrifiquem certos caprichos. Como é ingrato aquele que morre medíocre, sem nada fazer que o glorifique para os Céus. Sua vida é como árvore estéril, que vive, cresce, exaure o solo e ainda assim não deixa uma semente, nenhum bom trabalho que possa deixar outro depois dele! Nem todos podem deixar alguma coisa para a posteridade, mas todos podem deixar alguma coisa, de acordo com suas possibilidades e condições.
    Força e a sabedoria para mantê-lo firme em seus altos propósitos!!!

    ResponderExcluir
  6. Valeu queridas seguidoras! Muito inteligentes seus comentários e, além de tudo, oportunos.
    Marisa, quanto a política, me aguarde. Grande abraço!

    ResponderExcluir
  7. "Um professor de economia na Universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes, mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira.
    Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo.'
    O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas”. Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e, portanto seriam 'justas.' Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"...
    Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado. Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das provas foi "D".
    Ninguém gostou. Depois da terceira prova, a média geral foi um "F". As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram o ano... Para sua total surpresa.

    O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes. Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.


    A história fala sobre economia/socialismo, mas o interessante é que a mesma lógica prevalece.

    ResponderExcluir
  8. "Pão e circo"! A história se repete há séculos. Até quando deixaremos que a ignorância supere o conhecimento?
    Abraços

    ResponderExcluir
  9. É muito mais simples aliviar o sintoma, ao invés de tratar a causa. Assim, a tendência é a piora.

    ResponderExcluir
  10. Marlon quero ocupar o espaço aqui do seu Blog,
    para, comunicar os leitores que aqui passarem não deixar de ler no Jornal do Povo, 05/04 hj o artigo de Ricardo Hoffmann "O Màgico e o Bruxo" gente não deixe de acessar vale a pena...
    Desculpe amigo de invadir seu espaço mas este tipo de informação não pode passar despercebido eu adorei o artigo.
    Bjssss a todos bom inicio de semana

    ResponderExcluir
  11. Penso, logo existo. Mas permita-me discordar do amigo, também concordando em parte. Acho que a essência do bom ser humano está em ser caridoso, em querer ajudar o próximo, ainda que os países mais desenvolvidos não o sejam. É ignorância pensar que acabando com a caridade, vamos acabar com os bolsões de miséria, e o senhor sabe disso. A solução passa, sim, pela educação, pela formação da consciência do cidadão e sua inserção real na sociedade, como agente transformador da sua e da realidade do mundo, como um todo. Abraço

    ResponderExcluir
  12. Olá querido amigo Vinícius,
    concordo contigo por que falas da 'caridade' desapegada. Essa de um estender a mão para o outro. Só que essa não escravisa, ao contrário, constrói. Mas, mano,...isso se chama fraternidade, que é para onde temos que encaminhar o mundo. Sabes disso, somos fraternos eu e você. Abraços

    ResponderExcluir
  13. No texto acima tento demonstrar que é muito diferente CARIDADE de FRATERNIDADE. Não se pode confundir uama coisa com a outra. Abraços a todos

    ResponderExcluir
  14. Marlon, eu tbm acho que a caridade que não constrói a pessoa não é a verdadeira caridade. Mas tu disseste que essa é chamada fraternidade, então como tu explica que nos livros de espiritismo, como os do Alan Kardec, existe a máxima "sem caridade não há salvação"? E Chico Xavier,um dos maiores médiuns do Brasil, doava todo seu dinheiro adquirido com a venda dos livros,para as pessoas pobres? Um grande abraço.

    ResponderExcluir
  15. Oi querido Marlon!
    Concordo que caridade é muito diferente de fraternidade,temos uma visão totalmente deturpada da caridade. No dia-a-dia,vemos tanta gente dando a famosa "esmola" achando que é uma caridade. E também dando ao outro não aquilo que ele necessita, e sim aquilo que está sobrando-lhe. Precisamos sim dar palavras de conforto, ajuda desinteressada quando necessária. Caso contrário, seremos adeptos aos planos assistencialistas e faremos parte de uma classe que quer receber tudo de mão beijada sem estímulo para pensar(burrice,preguiça).

    Quanto a política, estou AGUARDANDO!
    Abraço

    ResponderExcluir
  16. Olá pessoal. Tudo bem com vcs? Queridos leitores, a Aline pergunta em seu comentário sobre a caridade e cita Kardec e Chico. Bem, penso que ambos não se deram conta que eles eram mais fraternos do que caridosos. Pq penso isso? Pq ambos sabem muito bem das coisas que expliquei no texto aí de cima. Dizer que Chico distribuia seu salário é verdade, assim como é verdade que um ser que nem o Chico não precisaria do salário que ganhava, então doava ele.
    Discordo plenamente da salvação somente com caridade. Razão para isso? Só os afortunados, pela lógica, se salvariam, se assim fosse. Os que não ganhassem o suficiente para fazer caridades estariam fadados a não se salvarem? Convenhamos que fraternidade qualquer um pode fazer, pois independe de dinheiro.
    Não podemos esquecer que Kardec viveu numtempo que as coisas que eram escritas na Europa tinham a patrulha de uma grande crítica, de modo que ele teve que usar muitas máximas bíblicas para evitar confusão.
    Não é o que as pessoas pensam que são que os tornam no que verdadeiramente são: è o que elas fazem que dão a verdadeira identidade dela. Pelo que vi desses dois, sempre foram fraternais. Veja: dar um prato de sopa para alguém é fazer caridade. Convidar alguém com fome para tomar contigo a tua sopa é fraternidade.

    ResponderExcluir
  17. Bem esclarecedor tua resposta,Marlon! Gostei muito... o meu problema é que muitas vezes(na maioria) levo as coisas muito "ao pé da letra", interpretando tudo como foi escrito. Preciso mudar isso....mas aos poucos estou conseguindo!!heheheh :D
    Beijinhosss com carinho... :*

    ResponderExcluir